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quinta-feira, 19 de abril de 2012
quarta-feira, 18 de abril de 2012
quinta-feira, 5 de abril de 2012
Pequenas doses de arnica
Chegou guiada pela dor. Uma dor aparentemente física, mas, na
verdade, era a alma o que lhe doía.
- Para
uma alma fraturada, pequenas doses de arnica, ele dizia.
Foi assim que eles se conheceram, entre
muitos tipos de dinamizações.
Ela não sabe dizer se chovia ou fazia sol, sabe
apenas que imaginou reconhecê-lo através de um despretensioso esbarrão em uma
rua qualquer da cidade. Mas não, uma pequena fratura, uma dobradura da alma e
ele estava ali, diante dela, ao alcance de suas mãos.
Ele não; ele soube dela assim que a viu
naquele dia. Soube de todos os seus significados; o pescoço à mostra, o desenho
da cintura e o discreto jeito de, ao mesmo tempo em que lia, acompanhá-lo com
um olhar de quem interpretava cada linha dele.
E era sempre assim. Às vezes, ela em pé,
parada na porta, e uma das mãos dele,
como se distraída, resvalava as coxas dela. Outras vezes, um carinho que ele
fazia em uma das mãos dela levava-a a esquecer, por alguns segundos, possíveis
tragicidades escritas ali. Ela sentia medo dos caminhos que aquelas linhas
indicavam, por isso escondia ao máximo o grande número de riscos que suas mãos
traziam.
Ela nunca lhe contou, mas, certo dia,
seus pulsos arderam, desejando um leve corte de veia e a viva temperatura do
sangue, porém, meio sonhando, meio acordada, teve a impressão de que ele acariciava-lhe os pulsos
que ainda ardiam, mas agora de outra querência.
Ele, por sua vez, silenciosamente,
desejou falar de seu querer por ela. Nesse dia sim chovia forte e nenhum dos
dois mencionava sequer palavra. Música só a dos grossos pingos d’água caindo
sobre as telhas. Ele deixava que seus joelhos esbarrassem nos joelhos dela, na
busca de falar de sua proximidade. Suas mãos, quis pousadas sobre as coxas
dela, desta vez propositalmente, conscientes do que faziam, queriam e diziam.
Dono de seu desejo as levaria até os
fartos quadris da mulher e as repousaria ali na junção entre as coxas e o
ventre.
-Ah se pudesse perguntar qual perfume ela usa que
deixa esse cheiro assim forte e doce ao mesmo tempo, ele pensou.
Mas a tal da ousadia só nos visita em
sonho, nesse estado meio de transe, quando não temos mesmo consciência de quem
somos. Não perguntou, restou-lhe imaginar-se tocado por aquele aroma que vinha
dela ou da terra molhada pela chuva, já não sabia. Ela possuía a cor da terra,
cor de barro molhado. Seus seios que pareciam moldados por uma artesã estavam
ali ao alcance de suas mãos. Ele ainda tentava disfarçar o suor que lhe
escorria pela testa, mas não tinha mais jeito. Ela deitada, ele sobre ela, os
pingos da chuva sobre as telhas...
Jussara Santos
Ruídos
Ah, essa coisa de acordar todos os dias,
espreguiçar, investigar o quarto canto por canto, para ter a certeza de que de
fato acordou e de que está de fato ali, sempre ali, no mesmo lugar; assentar-se
na cama, refletir se põe os pés no chão, se calça os chinelos; ah, esse corpo
sem excessos de gordura ergue-se pesado, caminha até a janela, abre as cortinas
e lá está o sol, esse maldito sol, sempre esse sol; depois, chega até a porta
do quarto, encosta o ouvido nela tentando identificar os primeiros barulhos da
manhã, nada de rádio ou tevê, no banheiro apenas o som da descarga, a água da
pia; na cozinha, o apito, o leite, a chaleira, a água quente do café talvez
tenha caído dentro da garrafa térmica e
essa água em fervura faz coro com o ambiente que parece em eterno estado de
ebulição; outro alguém levanta e com ele a torturante ausência de bom dia ou
coisa que valha; o filtro, a água do filtro e aquele beber dele cada dia mais
lento, cada dia mais devagar; ah, mas, e
se de olhos fechados, o som daqueles intermináveis goles d’água lembrarem a
você uma fonte, um barulho de rio te afastando da chaleira, do café que, distraído, ultrapassa
os limites da garrafa e molha a mesa, caindo gota a gota no chão, provocando o
enérgico bater da porta do armário, a raivosa toalha de papel; a faca bate no
prato quando uma maçã é partida ao meio e o atrito dela em certos dentes parece
querer dizer do quanto eles são saudáveis; não se diz palavra naquele lugar,
mas rangem-se dentes, tritura-se toda a ordem de frutos e cereais, corpos
passam rentes, quase se esbarram, quase...
já o sol, esse não faz cerimônia,
entra e sai por todos os poros que encontra e em segundos cada qual
segue caminho, chaves na porta cerram o silêncio.
Jussara Santos
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Não passaria de hoje
Todos os dias dizia que não
sairia mais às pressas para encontrar-se com ele. Mas não tinha jeito. Bastava
o telefone tocar e lá estava ela a tomar banho,
a vestir a melhor roupa, a chamar um táxi e ir ao encontro dele.
Mas, desta vez, jurou que se
ele ligasse, terminaria tudo. Sairia com ele, mas para romper pessoalmente.
Sempre soube que ele a namorava e também a outras três. Dizia que não se
apaixonava por nenhuma delas para não comprometer seu casamento. Porém, dessa vez, ia terminar, estava segura
disso.
Assim, quando o telefone
tocou e do outro lado da linha ele disse que passaria para pegá-la, não teve
dúvidas: disse sim. Afinal, ia romper o relacionamento. Tomou o melhor banho,
perfumou-se, pôs a saia mais curta que tinha e plantou-se frente ao interfone.
Não quis descer para não ter de ouvir as cantadas baratas e os galanteios de
Seu Egídio, o porteiro.
Por causa do calor e por
causa da demora dele (seria de propósito? ela pensou) já transpirava mais do
que queria. As mãos, os pés, melhor trocar os sapatos. Pôs os tamancos. Não
suportava aqueles saltos, mas ele gostava de ver seus pés à mostra. Dizia que
nunca vira pés tão bonitos e delicados. Mas e os pés das outras três? Ou elas
não teriam pés (pensou). Bom, isso não
importava mais.
O interfone toca, ele está
lá. Era hoje ou nunca. Uma olhada rápida no apartamento, sai. O elevador não
ajuda. Ela tem pressa, quer ver-se logo livre daquilo. Parte ruidosamente pela
escada mesmo.
Ela só não contava com a
surpresa que lhe reservava um de seus tamancos.
Um salto que quebra. Um escorregão em um
dos degraus. Mãos suadas ainda tentam um corrimão. Desequilíbrio.
Nada fazia aquele corpo parar
de rolar escada abaixo. Só mesmo o fim da escada.
Atônito com o que vê, Seu
Egídio traz, junto ao peito, um dos tamancos e a pequena bolsa da moça.
Movidos pelo barulho
moradores começam a chegar na portaria.
Seu Egídio ainda busca compor o corpo
daquela a quem dirigia galanteios. Cobre-o com seu paletó.
Hoje, é, não passaria de
hoje.
Jussara Santos
Ei pessoal, essa imagem é só pra dizer: no domingo de Páscoa, depois de renovar-se, dar graças e tudo mais, esqueça tudo que seu médico passou e passa o ano todo falando pra você e caia de boca no chocolate. Afinal, o chocolate faz bem à saúde, não é mesmo?!!!!!!!! Caso não possa com açúcar, não se preocupe, há o chocolate sem açúcar, há sem lactose, enfim há para todos os gostos!!!!!!!!!!!!!kkkkkkkkkkkkkkkk Bom chocolate para nós!!!!!!!
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