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PROJETO LATEMA


PROJETO LATEMA (Lata-poema)


Idealizadores: Jussara Santos[1] e Sérgio Souza[2]



METÁFORA

Uma lata existe para conter algo
Mas quando o poeta diz: "Lata"
Pode estar querendo dizer o incontível

Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: "Meta"
Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudo nada cabe
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível

Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora

Gilberto Gil


Justificativa

   Em artigo acerca da publicação dos textos poéticos, o escritor Ronald Claver[3] traz as seguintes interrogações:
“Onde  está a poesia que explode nos bares e nas esquinas? Onde está a poesia que provoca os corações adolescentes e grita nos porões da memória adulta? E a poesia que embala os sonhos dos meninos perdidos nos apartamentos da vida? Nos livros atuais, não está. Está escondida em  alguma secreta estante de um bom poeta ofuscado pela mídia. Está distante dos olhos e da sensibilidade do povo em  geral.” (2007)
Certamente, essas interrogações não são feitas todos os dias apenas por Claver, mas muitos de nós - escritores, apreciadores de poesia, leitores - as fazemos também. A poesia parece cada vez mais distante, escrita por poucos, lida por poucos. Mas será mesmo assim? Cremos que sua feitura acontece cotidianamente, há sempre um poeta de plantão, atento, observando gestos, coisas, registrando em  sua memória tudo aquilo de célebre, de instigante, tudo aquilo de pétala, de flor e ( por que não?) de espinho.
Porém, ainda que a poesia esteja sendo escrita de diferentes formas, por diferentes poetas, sua circulação é muita pequena. Infelizmente ela ainda passa longe de muitas salas de aula, já que alguns professores, temendo-a, navegam em águas, aparentemente mais calmas, do texto em prosa. Nos livros didáticos são pano de fundo algumas vezes, entrecortadas formam colchas de retalhos poéticos. As editoras editam: “poesia não é vendável” e poetas e poemas amargam uma chance, quem sabe...
 Fazendo coro com Claver: é preciso acreditar e investir na poesia. O Projeto Latema nasce dessa crença. Crença na poesia, crença no seu fazedor - o poeta. Uma vez que editar um livro não é tarefa das mais fáceis no Brasil, muitos deixam seus textos escondidos no fundo de gavetas. Que tal abri-las e deixar que os textos/poemas respirem?

Objetivos
.Divulgar e multiplicar a poesia daqui, dali e “dacolá”.
.Facilitar para o escritor a circulação de seus escritos poéticos.
.Publicar poesia de forma menos dispendiosa para o autor.
.Diminuir a distância entre autor, editor e processo de edição.
.Transformar, através do reaproveitamento, a lata em material artístico.


[1] Educadora, professora de literatura e língua portuguesa, poeta, contista
[2] Artista plástico, ilustrador, arte-educador, músico
[3] Por que as editoras não publicam poesia? In: Presença Pedagógica. Dimensão. v.13.n.76. pp.78-80

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